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sábado, 11 de junho de 2011

Animais também têm o hábito de 'pagar impostos'!

Nestes dias taxados, onde nos tornamos uma nação insolentemente bipartidária de reclamões, convencidos de que estamos oferecendo à Receita Federal nosso sangue, suor e leite materno, nossa libra de carne e nosso primogênito, talvez seja a hora para um pouco de perspectiva.
Foto: Serge Bloch/NYT

Legiões antes de nós entregaram todos esses itens e muito mais aos cofres públicos, e não só metaforicamente. Benjamin Franklin estava certo ao associar o pagamento de impostos a um comportamento profundamente orgânico, como morrer. Acontece que dar uma parte dos lucros pessoais para o bem da tribo é uma característica tão onipresente na raça humana que alguns pesquisadores a consideram crucial ao sucesso de nossa espécie. 

Além disso, muitos animais não-humanos também praticam essa mesma arte, exigindo que indivíduos doem parte de seu alimento, trabalho, conforto ou fertilidade pessoal para o privilégio do relacionamento em grupo. E assim como o IR depende tanto da ameaça de auditoria quanto do senso de responsabilidade cívica das pessoas, outras espécies coletoras de impostos asseguram a adesão ao compartilhamento usando rápidas punições contra a sonegação.

Por exemplo, Marc Hauser, da Universidade de Harvard, descobriu que quando um macaco reso sai em busca de alimento e se depara com uma fonte de comida de qualidade especialmente boa, como, digamos, um cacho de cocos maduros, espera-se que o macaco envie um chamado especial de comida para alertar seus companheiros da descoberta. "O lado ruim de fazer um chamado de comida é que os outros chegarão e levarão parte do alimento", disse Laurie R. Santos, que estuda os primatas na Universidade de Yale. Mesmo assim, um macaco que escolhesse ficar calado a respeito da descoberta poderia ter um destino pior. Se outros membros do grupo passarem por ali enquanto acontece o banquete particular, eles não só reclamarão a comida para eles, mas o mais dominante entre eles também espancará raivosamente o trapaceiro. 

Nem todos estão sujeitos a ataques de macacos gigantes. Machos adolescentes que se transferiram recentemente ao grupo não são obrigados a emitir alertas de comida. Eles ainda estão em período de teste, e somente ao receber a cidadania completa eles terão de cumprir seus deveres. 

A união faz o Leão
Quanto mais unida for uma sociedade animal, e quanto mais interdependentes forem seus membros, mais alta a taxa de impostos. Entre os pássaros australianos da espécie Manorina melanophrys, por exemplo, casais de adultos com cria são ajudados no ninho por diversos ajudantes jovens, geralmente machos. Os ajudantes trazem aos filhotes um estável suprimento de seiva, secreção açucarada produzida por insetos sugadores de plantas. E embora alguns cientistas imaginem se a seiva não é basicamente uma "junk food", oferecida aos jovens pássaros tanto para exibição quanto para substância, pesquisadores relatam, na edição de março da revista "Animal Behaviour", que a seiva, na verdade, é tão importante para o crescimento dos filhotes quanto as carnudas presas artrópodes fornecidas por seus pais. Por todas as evidências, os pássaros ajudantes estão honestamente "pagando pela estadia", trocando uma moeda valiosa pelo direito de permanecer no recinto fortemente protegido da colônia desses pássaros australianos, com a esperança de tempos melhores e oportunidades de propagação pessoal à frente. 

Ou, pelo menos, de evitar danos a si mesmos. Em outra espécie australiana de pássaros com criação cooperativa, os Malurus cyaneus, machos dominantes percebem quando seus ajudantes não são tão eficazes em pagar seus impostos. Quando um ajudante falha em alimentar e limpar os filhotes do dominante, ou em emitir um alarme ao ver intrusos entrando no território, o macho dominante raivosamente persegue, perturba e bica o ajudante, por até 26 horas seguidas. No caso dos altamente sociais peixes ciclídeos, o medo de punição inspira peixes ajudantes delinquentes a ostensivamente redobrar suas contribuições ao ninho comunitário, escavações na areia, limpeza dos ovos – de forma bastante similar a políticos que repentinamente pagam três anos de impostos atrasados para eles mesmos, a babá e o jardineiro. "Se eles não pagarem suas contas, haverá punição", disse Michael Taborsky, da Universidade de Berna, "e por isso eles tentam antecipadamente acalmar os indivíduos dominantes do grupo". 

Se esperança e medo não garantem a adesão, sempre existe a vergonha. Os morcegos vampiros são famosos por sua disposição em regurgitar uma refeição sangrenta para alimentar colegas morcegos que não estão com tanta sorte. Na verdade, esconder a própria riqueza é um problema. Um morcego vampiro bem alimentado fica tão inchado quanto um balão de água, e os morcegos parecem esfregar barrigas para ver quem está em posição de compartilhar. "É duro mentir quando seu estômago está visivelmente distendido", disse Santos. 

Também é duro mentir quando você vive num pequeno grupo de indivíduos de grandes cérebros e olhos aguçados, como fizeram os humanos em vastos períodos de nosso passado, o que pode ajudar a explicar por que somos tão facilmente taxados. "Não existe uma sociedade humana no mundo que não redistribua a comida a não-parentes", disse Samuel Bowles, diretor do programa de ciências comportamentais do Instituto Santa Fé. "Seja através do estado, do chefe, de um coletivo rural ou de algum outro mecanismo, a divisão de grandes pacotes nutricionais é bastante extensa e tem acontecido por pelo menos 100 mil anos de história humana." Em culturas de caça, a taxa proporcional de impostos é tão alta, disse Bowles, que "até mesmo os suecos ficariam impressionados". 

Imposto paraguaio
Veja o caso da tribo Ache, do Paraguai. Os caçadores trazem suas presas a um recipiente comum. "A maior parte das calorias é redistribuída", disse ele. "O imposto acaba sendo algo em torno de 60%." 

Sociedades pastorais e de rebanhos tendem a ser menos igualitárias do que culturas de caça e coleta e, mesmo assim, os impostos são frequentemente utilizados para ajudar a corrigir injustiças extremas. Quando um rico fazendeiro criador morre na tribo Tandroy, do sul de Madagascar, contou Bowles, "o estoque do rico é morto e comido por todos", muitas vezes até a última cabeça de gado. "Isso significa uma taxa de 100% de imposto sobre patrimônio." 

Os impostos modernos são apenas uma "versão inovadora de comprometimento ao coletivo", disse David Sloan Wilson da Binghamton University; o resultado da invenção do dinheiro. Entretanto, mesmo com nosso elaborado e abstrato código de impostos, o medo da vergonha pública segue sendo um motivador impressionante. "Espera-se que os membros da sociedade mais poderosos e de maior status deveriam contribuir mais", disse Wilson. "Caso isso não aconteça, eles não manterão seu alto status por muito tempo". E para aqueles gordos morcegos entre nós que simplesmente não confessam seus bens – sempre existe a cadeia.

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